Constelações Familiares – Enquadramento e Breve Revisão da Literatura
Constelações Familiares (doravante CF) são uma abordagem sistémica fenomenológica que se posiciona como pratica autónoma e distinta.
O seu criador, Bert Hellinger, para além da formação em filosofia, estudou e integrou muitas correntes terapêuticas, sendo também psicoterapeuta. Dessas correntes destacam-se o Psicodrama de Levi Moreno; a Análise Transacional de Eric Berne; a Terapia Primal de Artur Janov; a Gestalt Terapia de Fritz Perls e Paul Goodman; as Esculturas Familiares de Vírgina Satir, entre muitas outras.
As CF têm feito o seu caminho desde os anos 70 e atualmente tem centenas de milhares de pessoas pelo mundo inteiro a recorrer a esta prática com resultados reais e duradouros nas suas vidas enquanto complementaridade a outras abordagens terapêuticas de auto ajuda.
As CF assentam, assim, num vasto campo teórico com bases também nas ciências mais recentes como a epigenética e a física quântica. De sublinhar que os estudos realizados sobre a temática, foram grandemente preconizados pelo biólogo britânico Rupert Sheldrake, que desenvolveu a Teoria dos Campos Morfogenéticos. Grande parte do trabalho que é realizado nas constelações, encontra-se ancorado no modelo fenomenológico.
Na verdade, parece que o corpo teórico e investigativo das CF já reconheceu o seu início e um percurso que tem vindo a ser cada vez mais solidificado a partir das diversas publicações em revistas científicas com grande rigor metodológico (com revisão por pares – peer review).
Identificamos algumas publicações de qualidade em destaque na EBSCO:
É ainda possível encontrar, nessa base de dados, resenhas publicadas em jornais, de livros sobre as CF:
Já na consulta da base de dados Redalyc foram publicados os seguintes artigos ciêntificos sobre as CF:
Realizada, ainda, uma breve pesquisa com o marcador “CF” no portal B-on: ferramenta de pesquisa de informação científica, que tem como entidades aderentes instituições de prestígio científico (e.g., Universidade do Porto; Universidade do Minho; Universidade de Coimbra), foi possível, identificar os seguintes artigos científicos:
No sentido de avaliar a evidência da eficácia da Terapia das Constelações Familiares (FCT), Hurley, Koenning e Bray (cf. https://pacja.org.au/?p=4441) apresentaram uma revisão de literatura em 2017, preconizada em bases de dados conceituadas – Academic Search Premier, The Allied and Complementary Medicine Database, CINAHL Plus with Full Text, Education Research Complete, ERIC, Humanities International Complete, MEDLINE with Full Text, Psychology and Behavioral Sciences Collection and PsycINFO – tendo identificado 141 resumos (abstracts), 124 dos quais foram excluídos pelo facto de se referir à terapia familiar sistémica de Alder, pelo que restaram 15. De entre estes, 4 foram excluídos pelo facto de se tratar de 1 capítulo de um livro; 2 estudos de doutoramento e 1 livro, subsistindo 11 artigos com revisão de pares, entre 2002 e 2016. Os autores organizaram estes artigos em três grupos:
No sentido de sistematizar um pouco estes resultados que se afiguram pertinentes e reforçadores da eficácia das CF, em seguida apresentam-se, resumidamente, três desses estudos:
Este estudo procurou analisar a eficácia dos Seminários de Constelações Familiares na experiência de pertença, autonomia, acordo e confiança. Foi conduzido um ensaio clínico randomizado, cego, estratificado e equilibrado. Participaram 208 adultos, com média etária de 48 anos (DP=10), na sua maioria (79%) mulheres, que integraram o grupo de intervenção. A mudança foi medida a curto-prazo, entre 2 semanas a 4 meses de follow up, utilizando o domínio pessoal do Experience In Social Systems Questionnaire (EXIS.pers), bem como o Outcome Questionnaire, OQ-45 e Tool for the Evaluation of the Psychotherapeutic Progress, FEP. A média obtida nestes instrumentos mostrou melhorias em 2 semanas e 4 meses no grupo de intervenção, por comparação aos indivíduos do grupo de controlo. Não foram reportados eventos adversos. Este estudo providencia a primeira evidência de que os Seminários de Constelações Familiares tendem a influenciar positivamente a experiência dos indivíduos nos seus sistemas sociais.
Os autores referem que num estudo randomizado anteriormente realizado, foi demonstrada a eficácia dos seminários de CF a curto-prazo na população geral. Neste artigo, os autores analisam a estabilidade desses efeitos, designadamente a médio e longo prazo. Participaram 104 adultos, com médias etárias de 47 anos (DP=9), e maioritariamente (84%) do sexo feminino que integraram o grupo de intervenção. Partiu-se do pressuposto de que os seminários de CF incrementariam o funcionamento psicológico dos participantes (administrado o Outcome Questionnaire 45.2) em 8 e 12 meses após a intervenção. Os efeitos dos seminários de CF foram igualmente avaliados no distress psicológico, na incongruência motivacional, na experiência dos indivíduos no seu sistema social pessoal e realização geral de objetivos. Os resultados mostraram melhorias nos indicadores considerados. Não foram reportados eventos adversos. Este estudo providencia a primeira prova da eficácia a médio e longo prazo dos Seminários de Constelações Familiares em população sem patologia clínica.
Este estudo controlado randomizado, monocêntrico, cego, estratificado e equilibrado, analisa a eficácia dos seminários de constelações familiares na saúde psicológica. Os 208 participantes escolheram o seu papel enquanto participantes ativos (AP) ou observadores (OP), sendo na maioria (79%) mulheres, com média etária de 48 anos (DP=10) e colocados no grupo de intervenção. Partiu-se do pressuposto de que os seminários de CF incrementariam o funcionamento psicológico dos participantes (administrado o Outcome Questionnaire 45.2) em 2 semanas e 4 meses após a intervenção (follow up). Os efeitos dos seminários de CF foram avaliados no distress psicológico e na incongruência motivacional, cujos resultados mostraram melhorias ns 2 semanas de follow up e 4 meses depois. Não foram reportados eventos adversos. Este estudo fornece evidência da eficácia das CF em população sem patologia clínica.
Foi ainda encontrado um estudo recente, dentro desta tipologia, com 200 participantes, que se prevê concluído em 2020, pelo que ainda não se encontram disponíveis os seus principais resultados (https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03233958).
A idoneidade destes estudos e a sua adequação para demonstrar os resultados anunciados não foi posta em causa e, nesta medida, têm sido reconhecidos e citados em meios académicos relevantes (e.g., https://www.aft.org.uk/SpringboardWebApp/userfiles/aft/file/Research/Final%20evidence%20base.pdf e https://pacja.org.au/?p=4441).
Pelo exposto, resulta claro que as Constelações Familiares se encontram, atualmente, numa fase de legitimação científica, pelo que é expectável o incremento do interesse científico nesta área e que, consequentemente, os estudos possam crescer exponencialmente nos próximos anos, como qualquer conhecimento que evolui.
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